segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Fogos, Gorós e Leite Condensado


Cena 1 _ Todo mundo de branco com uns gorós na cabeça.


Cena 2 _ Tia , você está bem?

Ela, sentada no sofá com cara de quem tinha acabado de ver um fantasma responde com a cabeça que não. Levanta-se a véia até o banheiro. Lá, a preocupação dela em entupir a pia parecia sinalizar más lembranças das estripulias dos filhos. Mas, é claro, que ela entupiu.

Alguns minutos, digo, vômitos depois, senta-se a véia no toilet, limpinho, diga-se de passagem, enquanto uma das sobrinhas, tentava desentupir A PIA.

Observação da autora 1: por que todo bêbado cisma em vomitar na pia e não no vaso que está ali, bem-do-lado?

Continuando: depois de quase uma hora sentada na privada e com a porta fechada, meu tio decidiu que era hora de tirá-la daquela sauna. E agora? Como levantar um peso praticamente morto e descer uma escada com ele? Sim, ela estava praticamente desmaiada.

Chamam os homens da festa, fica cada um com um pedaço do corpo da tia, outrora tão elegante, sorridente, vibrando... É, o ano começava bem...

Chega-se ao andar de baixo, e todos os bêbados começam a palpitar.

Observação da autora 2: por que todo brasileiro dá palpite em tudo e bêbado dá ainda mais?


Continuando: começa a saga pra ligar pro SAMU, que é lógico, não funciona. Ninguém lembra qual é o plano de saúde da tia. A irmã da nora consegue uma alma que atende. Só que a irmã da nora é um pouco esquentada (mais ainda depois da informação para dar leite condensado à bêbada) e desliga na cara da alma do SAMU.

A nora tenta ligar outra vez, atende a mesma alma e pergunta: “você vai desligar na minha cara, também?” “Não, mas o que eu tenho que fazer além de dar leite condensado? Minha senhora, ela está suando frio, de olho fechado e não consegue falar, acho que só o leite condensado não vai funcionar...” Isso, na maior calma do mundo, enquanto o genro (mineirinho e bem menor do que a sogra, abraça, a põe recostada no peito, tratando-a como criança).

A mulher do SAMU, diante da pergunta da nora, manda dar soro, enquanto isso o “namorado da irmã da nora” consegue falar com outro atendente do SAMU. Lá vem ele com a história do leite condensado, ao que o menino calmamente responde: “olha, eu acho que leite condensado não vai funcionar. Ela não está bêbada, só precisa de glicose na veia.”

Observação da autora 3: se eu fosse do SAMU também ia morrer de rir.


Depois de tanto tempo, e nenhum leite condensado (porque ninguém o achava, só a tia que sabe onde ele fica) a véia começou a responder às perguntas com a mão, e ainda teve a petulância de dizer que, já, já, ia voltar pra dançar.

Mas sem caipirinha dessa vez, né, tia?!