segunda-feira, 7 de maio de 2012

Paraísos Artificiais


Lançaram o filme com esse título aí em cima. Não o vi ainda, mas como acabei de passar alguns dias em um paraíso desses, é melhor colocar pra fora, do que morrer intoxicada. 

Não, eu não fui pra um rave e nem pra Amsterdã, eu  fui pra Las Vegas, o que causa praticamente os mesmos danos. Até agora não sei se cheguei ao Brasil mais lerda, acelerada, inteligente, burra, deslumbrada ou tristemente impressionada.

Não sei se Tico e Teco ficaram mais lerdos ou acelerados depois de tanta luz e som, 24 horas por dia. Pensei que com essa quantidade de informação, eles só iriam querem descansar quando voltassem ao Rio, mas por outro lado, não deu pra sentir se eles já chegaram neste estágio, acho que continuam meio aceleradinhos. Há drogas, cujos efeitos demoram mais para passar. 

Já a Marcia que tem birra com os americanos, voltou mais inteligente.  Achou o máximo que muitos brasileiros saibam falar português, espanhol e inglês, enquanto a maioria dos americanos continua achando que a capital do Brasil é Buenos Aires e,  apesar de a segunda língua oficial do país ser o espanhol, não fazendo ideia do que significa buenos días.

O burra e deslumbrada acho que vêm juntos quando se trata de tecnologia e outros produtos bizarros. Muitas das coisas, até agora eu estou me perguntando para que servem. Não me perguntem o quê, porque se pelo menos eu soubesse descrevê-las, eu falaria.

Eles criam cada troço, que se eles não criassem, ninguém nunca iria precisar. Mas, uma vez feito e divulgado, torna-se necessidade básica.  Como você irá andar com o seu cinto de segurança sem o "dispositivo" (vulgo, quinquilharia) que prende a parte que fica perto do pescoço à sua camiseta? Se você não usar isso, os riscos de morte por cinto de segurança são elevados ao cubo. Então, é melhor comprar, né?

Já quanto à tecnologia, cheguei à conclusão de que, nos EUA, para dar balão ou desculpas como: acabou a bateria do meu celular ou fiquei sem Internet, tem-se de ser muito sagaz.  São situações que simplesmente não ocorrem.  Há carregador de tudo, em tudo quanto é lugar, além dos móveis. E wi-fi também não é nem um pouco difícil de encontrar.

Sobre o deslumbramento especificamente,  quando se trata de praticidade, tenho que tirar o meu chapéu pra eles. Um vestido de casamento (o da minha amiga, não fui eu que casei) ficou pronto em dez minutos, assim como o casamento dela.

Sobre a minha burrice, além da tecnológica,  há a econômica: não captei qual é o sentido de todos os refrigerantes serem refil ou o porquê de uma porção de 10 nuggets ser US$ 4,60 e uma de 20 ser US$ 5,00. Só consegui entender  a razão de mais da metade da população ser obesa.

Quanto a ficar impressionada tristemente, começo sobre a quantidade grande de homeless, vulgo mendigos, que provavelmente não nasceram pobres, mas que ficaram sem casa,  porque o dinheiro acabou em algum paraíso artificial ou porque eles simplesmente não sabem o que fazer quando não há mais crédito em seus cartões. E, com a crise, meu amigo, o que menos há, é crédito. Logo, mais mendigos. Quem sempre foi rico não sabe ficar pobre, já que nunca tiveram que lutar pra ser ricos. Enquanto os pobres que lutam de verdade pra ser ricos, sabem ficar ricos ou pelo menos viver com dignidade. Nenhum dos mendigos que eu vi aparentava ser mexicano, da America do sul, central ou africano e sim, americano. Gente que nasce com dinheiro, acha que ele nunca vai acabar, já pessoas que tem que lutar por ele, quando o conseguem  dão valor e o agarram com toda a força.

Não é a toa, que ao invés de mendigos, todos ou quase todos os "xicanos", indianos e outros imigrantes estão trabalhando. Até motorista de taxi da Etiópia, tinha em Las Vegas, enquanto loirinhos de olhos claros com seus cachorros nas ruas, pediam dinheiro, bebida ou maconha. Muita pena. Dos cachorros.

Dos cachorros e da nossa sociedade esquisita. São cenários como Las vegas, ou Jurerê, em Florianópolis que me fazem pensar sobre esses paraísos artificiais, cuja concentração está nas boates ou pool parties. Em ambas as cidades, a maneira de chegar nas mulheres é igual: demonstração de dinheiro, logo poder de compra de bebidas. Como animais, criam-se cercados em que mulheres bonitas podem entrar, se homens com dinheiro (no caso dos EUA, os que ainda têm) as convidam. Ok, os homens vão falar: é disso que mulher gosta. Pode ser.

Sem moralismos, só acho que quando o sexo rápido e beber descontroladamente passam a ser o único e, somente o único, objetivo de se visitar uma cidade; ou A maneira de se "divertir",  "conquistar" alguém ou de se "deixar ser conquistado", regredimos quase à irracionalidade: alguns prossecos, umas vodkas, uma transa, no names. Não necessariamente nessa ordem.