quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Eu sou bonita, inteligente...


Já repararam que pessoas (digo, mulheres) com problemas de relacionamento nunca começam uma frase dizendo: eu sou feia, burra e não entendo porque ninguém me quer? Pois é, eu também nunca vi. Embora já tenha cansado de ver mulheres “feias”, muito mais felizes que as que se dizem bonitas. Passei a me perguntar sobre o porquê disso, depois de ler inúmeras colunas do psicólogo da revista de domingo do O Globo. Acho que entre 10, 9 são de mulheres começando a frase: sou bonita, inteligente, formada, trabalho, me sustento, mas... O mas é o que sempre f. tudo. Não conseguem encontrar um homem à altura delas. Eles são infantis, o marido não procura etc. E a melhor conclusão a que elas chegam é: eles têm medo de mulheres tão “independentes e resolvidas”.

Alguém já os perguntou se é isso mesmo? Sinceramente, acho que esse “medo” nunca passou nem um milimetrozinho perto deles. Até porque, se a mulher for independente, resolvida E gostar de sexo, as duas primeiras características vão passar completamente despercebidas. Pelo menos nos primeiros encontros.

Nos seguintes, aí sim, se os dois continuarem juntos, ele vai notar o quão interessante ou não, a mulher é para ele. E o homem para ela. Por isso que eu acho que se auto-intitular mega interessante, é um pouco narcisista. É lógico que você não tem que se considerar um merda, mas lendo tantas frases como a do titulo eu passei a me perguntar se eu começaria uma frase desse jeito. No primeiro momento achei que sim, mas depois de pensar nas pessoas que eu acho inteligentes e bonitas, mudei de idéia. Pois, provavelmente eu não vou parecer inteligente para alguém que domina tudo sobre física quântica, ou bonita para um índio de alguma tribo do Mato Grosso. Pensando nisso cheguei a duas conclusões: a primeira: ser bonito e inteligente depende do que o outro (mães não contam) pensa e não do que você pensa. Estou falando de pessoas “normais” e não de celebridades, se o mundo inteiro diz que uma modelo é bonita, é obvio que a própria também deve se achar bonita; segunda: existem milhões de tipos de inteligência e de beleza.

De que adianta, por exemplo, uma pessoa ser linda para os padrões ocidentais atuais (leia-se, magra) se ela não dá um sorriso, não tem charme ou carisma? Ou simplesmente, se quando você a conhece, o santo dela não bate com o seu? Em relação à inteligência, o mesmo. Quem é mais inteligente, um cara que consegue ser presidente de um país, sem ter feito nenhuma faculdade ou outro que tem doutorado em Harvard? Um agricultor, um surfista a falar sobre o clima ou o meteorologista formado do Climatempo? Um pedreiro que cresceu vendo o pai fazendo obras, ou um engenheiro civil?

Portanto, fica um recado para as bonitas e inteligentes. Vocês ainda não encontraram alguém, não porque homem não presta, ou porque ninguém tá afim de relacionamento sério hoje em dia, mas porque a pessoa que, depois de umas saídas, vai te achar bonita e inteligente, ainda não esbarrou com você. E para as que se acham feias, mas que ainda sim, são felizes, parabéns! De alguma maneira, vocês encontraram a sua beleza. E é isso que importa!












terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Mulheres Ricas


Juro que a primeira coisa que passou pela minha cabeça quando vi esse programa foi: “tomara, mas tomara que elas sejam seqüestradas. Todas juntas.” Tirando a piloto que parece ter uma noção um pouco mais real da vida, todas as outras são constrangedoras. E o pior é que as pessoas “só” acham divertido. Cara, divertido? Isso é triste. Muito triste. Essas mulheres não passam de bonecas falantes; e mal programadas por que não sai nada que preste dali.


Por que elas não se mudam para um país em que não há desigualdade social? Por que elas não ajudam crianças, abrem orfanatos, compram casas pra quem ficou sem, depois das enchentes, já que os políticos desviam o dinheiro que seria para isso? Enfim, por que elas não fazem algo de útil para a sociedade? A joalheira disse que o rico tem que gastar pra fazer a economia girar. Nunca ouvi frase mais estúpida do que essa.

O criador do programa se defende dizendo que o intuito do mesmo era mostrar que ricos passam pelos mesmos problemas que os “normais”. Até agora, eu não vi nenhum problema igual aos meus, muito menos, igual aos do que ganham um salário mínimo.

Imagino o nó na cabeça do nordestino que trabalha com a tal Barbie, e não só ele, as outras dúzias de empregados que trabalham para essas mulheres. Não é à toa, que volta e meia, vemos casos de caseiros e seguranças que matam seus patrões ou são pagos para isso. Não estou dando razão para eles. Mas sinceramente, seu eu morasse na favela e visse minha patroa comprando um jatinho que custa R$30 milhões para ir direto a Paris, não sei o que eu faria. Já se eu fosse empregado da Narcisa, teria só pena. Ela é claramente louca, tadinha.

Pelo menos, a band conseguiu o que ela queria: audiência. Tudo em nome da audiência.

Tenho certeza de que se eu contasse pra um e.t, que no Brasil, um país em que mais da metade da população vive em condições miseráveis, tem um programa com mulheres ricas só para falarem sobre seu dinheiro, que jogador de futebol, comediantes, cantores e o Zé da pipoca são políticos e que a música mais famosa do momento tem o refrão: "ai se eu te pego"; ele voltaria correndo para o seu planeta.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Espetáculo à parte


Finalmente acabou Dezembro! Pior do que Dezembro, só o carnaval. Assim como a quarta feira de cinzas, dia primeiro de janeiro é o dia internacional da ressaca. Todas elas: a moral, a da comilança , a da bebelança, a dos objetivos não realizados e por aí vai.

Não se sinta um fracassado se você não realizou nenhum dos objetivos que planejou para 2011. 2012 está aí pra você fazer a merda que quiser, já que o mundo vai acabar mesmo. Pensando nisso, passei a virada na praia, fazendo um farofão de dar inveja aos farofeiros de plantão, mergulhei de vestido branco com meu cachorro no mar, com vários amigos montei um barracão embaixo de chuva, e entupi, entupi de verdade, a minha casa de areia.

Para os meses seguintes tenho outros planos: o primeiro deles é tentar não planejar muito, porque nunca adianta, o final do ano chega e tudo o que você planejou aconteceu ao contrário. Logo, o melhor é colocar metas factíveis, como: mandar pra p#¨%&$, a vizinha que vira a cara quando passa por mim; lembrar de tomar engov “depois”; terminar de ler um livro de cada vez; publicar, finalmente, o meu livro de contos e crônicas; colocar uma peça em cartaz; conhecer mais o Rio e torcer para que ele e o Brasil melhorem. Tá aí, será que em janeiro de 2013 eu vou conseguir escrever uma crônica, elogiando o Rio? Espero que sim, porque por enquanto não dá mesmo. Aí vai uma das razões:

Estava eu chegando à Lagoa, antes do Natal, com meu namorado e o amigo, os dois gringos. Veio uma criancinha pedindo um brinquedo de um camelô que estava logo à frente da gente. Chegamos a ele e perguntei qual ela queria. Ela queria o mais caro: R$30,00. Eu disse pra ela escolher um mais barato, nesse meio tempo, os gringos, tocados com a pobre criança, decidem dividir a grana e dar o brinquedo pra ela. Felizes com a nossa boa ação, fomos sentar num restaurante em frente ao camelô. Cinco minutos depois aparecem outras crianças pedindo brinquedos para outras pessoas, e a “nossa criança” sem o brinquedo dela, pedindo também.

Que otários somos, não? Levantei-me da mesa, fui até a criança, perguntei-a onde estava seu brinquedo e ela disse que outra criança havia roubado dela. Fui com a mesma até o camelo, pedir o dinheiro de volta. Ele relutou dois minutos pra me devolver. Disse que não tinha nada a ver com aquilo, o problema era meu e da criança. Eu menti, disse que era advogada, e que se ele não me devolvesse o dinheiro, iria denunciá-lo por exploração de menores. Me xingando de louca, ele me devolveu os R$30,00. Xinguei-o também e voltei pro restaurante, mais uma vez desesperançosa com a nossa cidade e envergonhada do nosso povo. Para o gringo, que tinha acabado de chegar ao Rio foi, além da árvore, um espetáculo à parte.