quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Espetáculo à parte


Finalmente acabou Dezembro! Pior do que Dezembro, só o carnaval. Assim como a quarta feira de cinzas, dia primeiro de janeiro é o dia internacional da ressaca. Todas elas: a moral, a da comilança , a da bebelança, a dos objetivos não realizados e por aí vai.

Não se sinta um fracassado se você não realizou nenhum dos objetivos que planejou para 2011. 2012 está aí pra você fazer a merda que quiser, já que o mundo vai acabar mesmo. Pensando nisso, passei a virada na praia, fazendo um farofão de dar inveja aos farofeiros de plantão, mergulhei de vestido branco com meu cachorro no mar, com vários amigos montei um barracão embaixo de chuva, e entupi, entupi de verdade, a minha casa de areia.

Para os meses seguintes tenho outros planos: o primeiro deles é tentar não planejar muito, porque nunca adianta, o final do ano chega e tudo o que você planejou aconteceu ao contrário. Logo, o melhor é colocar metas factíveis, como: mandar pra p#¨%&$, a vizinha que vira a cara quando passa por mim; lembrar de tomar engov “depois”; terminar de ler um livro de cada vez; publicar, finalmente, o meu livro de contos e crônicas; colocar uma peça em cartaz; conhecer mais o Rio e torcer para que ele e o Brasil melhorem. Tá aí, será que em janeiro de 2013 eu vou conseguir escrever uma crônica, elogiando o Rio? Espero que sim, porque por enquanto não dá mesmo. Aí vai uma das razões:

Estava eu chegando à Lagoa, antes do Natal, com meu namorado e o amigo, os dois gringos. Veio uma criancinha pedindo um brinquedo de um camelô que estava logo à frente da gente. Chegamos a ele e perguntei qual ela queria. Ela queria o mais caro: R$30,00. Eu disse pra ela escolher um mais barato, nesse meio tempo, os gringos, tocados com a pobre criança, decidem dividir a grana e dar o brinquedo pra ela. Felizes com a nossa boa ação, fomos sentar num restaurante em frente ao camelô. Cinco minutos depois aparecem outras crianças pedindo brinquedos para outras pessoas, e a “nossa criança” sem o brinquedo dela, pedindo também.

Que otários somos, não? Levantei-me da mesa, fui até a criança, perguntei-a onde estava seu brinquedo e ela disse que outra criança havia roubado dela. Fui com a mesma até o camelo, pedir o dinheiro de volta. Ele relutou dois minutos pra me devolver. Disse que não tinha nada a ver com aquilo, o problema era meu e da criança. Eu menti, disse que era advogada, e que se ele não me devolvesse o dinheiro, iria denunciá-lo por exploração de menores. Me xingando de louca, ele me devolveu os R$30,00. Xinguei-o também e voltei pro restaurante, mais uma vez desesperançosa com a nossa cidade e envergonhada do nosso povo. Para o gringo, que tinha acabado de chegar ao Rio foi, além da árvore, um espetáculo à parte.

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