terça-feira, 9 de março de 2010

Uma moça dizeno


Hoje chegô uma moça aqui dizeno que o nome dela era um negocio de assistente social. Ela falô, que lá no rio de janeiro tavam fazendo um troço que chamam de adoção a distancia. Eu demorei um poco pra entende, mas depois de um tempo acho que entendi. Ela disse que a gente tinha que escreve uma carta pras moça que querem adota a gente. Ela disse pra contá minha historia, que aí, você, tia, ia responde sempre, até que um dia a gente ia se conhecê. Ela disse também que você ia ajudá nós, com um dinheirinho por mês. Mas sabe que só da senhora me responde já tá bão? Se bem que pensano bem, acho melho não, o dinheirnho tem que chegá mermo, assim, eu trabalho menos pra esses homi nojento.

i gente, acho que estiquei demais. Peraí que vo lá pergunta pra assistente social, quantas linha pode escreve. Voltei, a outra tia disse que eu posso quantas eu quisé.

Eu tenho 12 ano, desde que tenho 7 que minha mãe começo a mandá eu trabalha, pros homi que param aqui no posto do lado do barraco que a gente mora. Eu tenho vergonha de falá o que eu faço, mas acho que a tia vai entende, já que a tia mora no rio de janeiro, uma cidade tão grande, cheia de gente inteligente, como é esse cristo aí, eim? Tenho tanta vontade de conhecê, parece tão bunito. Eu sô feia, queria se bunita como as menina do rio de janeiro, que aparece na novela. Elas estão sempre rindo, né, tia. É, quando dá eu gosto de vê as novela. Mas também gosto de lê. Minha mãe não sabe. E eu quando crecê, não quero sê ingual a ela. Vive bêbada aqui nesse bar. Sabia tia, que outro dia, ela me troco por quatro cerveja? Fiquei com tanto ódio... queria enfia uma faca nela, que nem ela diz que fez com meu pai, quando ele tento mata ela, numa briga que tiveram, quando eu era neném ainda mas também não sei se queria conhece ele. Tenho tanto nojo de homi.. mas então eu aprendi a escreve, com um moço, ele foi o único homi bom comigo. Ele é dono do bar onde minha mãe bebe. Eu copiava as palavra das revista de outra moça que também bebe lá e ele me explicava um poco como que eu fazia pra formá as palavra. Mas eu quero melhorá. Não quero ficá ingual a minha mãe.

Um dia eu queria conhece a senhora, tia. Queria conhece o rio de janeiro e saí dessa vida aqui. A senhora vem me visitá? Tomara

Um beijo,

dayenne

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